ESPIRITISMO

 PENSAMENTO ESPÍRITA
Uma nova visão de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec.

Algumas Palavras

O atalho é a maneira mais simples de se atingir um determinado ponto. Ao estudar um sistema, uma doutrina ou uma religião, na maioria das vezes, o empreendedor desavisado se perde em divagações, desordenando os pontos capitais da pesquisa, de modo tal, que o raciocínio, envolvido pelos anseios e pela busca, se distancia de seus propósitos e ele se vê circundando os arredores da dúvida ou do nada.
O poder da linguagem falada e escrita, em qualquer das duas circunstâncias, atua sobremaneira no raciocínio do principiante espírita,  até mesmo em alguns veteranos sedentos por novidades para  tratar com o invisível. As informações dadas pelos atalhos oferecem-lhes diferentes reações emocionais que influem diretamente no seu comportamento para com encarnados e desencarnados e até mesmo no contexto de sua própria existência. Um dos pontos mais afetados é o da razão, ou seja, o pensamento lógico.  Tanto isto é real que muitos se deixam levar por romances de ficção, teorias novas supostamente modernas abraçando-as como verdades absolutas.
Os romances de temática Espírita, assinalando bem, “os romances com temática Espírita”, mediúnicos ou não, podem até terem um fundo de verdade quando comparados com alguns pontos básicos da Doutrina Espírita e com as existências na Terra, entretanto, se comparados rigorosamente aos fatos que fazem da Filosofia Espírita rumos para a vida, não passam de especulações fantasiosas e perigosas para o ser encarnado que necessita de sustentação em solo emocional firme e, em nenhum momento resvalar com a ansiedade nas buscas intermitentes e desoladoras.
Nem sempre o ouvinte ou o leitor está preparado para fazer uso da razão deixando-se navegar por águas perigosas repletas de corredeiras.
Em se tratando de mecanismo religioso, seja qual for que sugira  caminho seguro que leva o indivíduo ao encontro de Deus, as criaturas, que ai se apóiam, não encontram em seus enunciados convergência possível quando confrontados com as perspectivas da vida.
Especificamente na Doutrina Espírita, têm colaborado pela indecisão de escolha as Obras de ficção e de Auto-Ajuda. A grande maioria dessas Obras se apresenta pacificamente, mansamente como se tudo e todas as coisas estivessem nadando num mar de rosas e transmudam o panorama da Filosofia Espírita, imprimindo-lhe características diversas daquelas emanadas nas Obras de Allan Kardec. Algumas funcionam como Contos de Fadas, outras oferecem emoções terríveis de sofrimento e dor e tais características têm sido objeto de reflexão e crítica por parte de estudiosos e leitores atentos. Há longa data, trilhas diversas são implantadas no caminho idôneo, dispersando a análise dos seguidores que valorizam em demasia o lado mais fácil, os mais violentos, os  mais penosos e ainda, os mais religiosos para o entendimento à aplicação atenta da lógica e da razão.  Em suma, admitem o conformismo, aceitam as punições supostamente impostas por Deus, a reencarnação por castigo, e uma série de “et coetera”¹, sem lutar contra si mesmo no sentido de crescer e ampliar as fronteiras para a  sua evolução espiritual.
Este trabalho está alicerçado em observação e vivência com o intuito de provocar uma análise mais atenta dos enunciados da Doutrina Espírita contidos nas perguntas e respostas de O Livro dos Espíritos. O propósito é  o de reavivar caminhos seguros em detrimento aos tratamentos dúbios e repetitivos empregados em livros e palestras, de tal modo que, aceitados pelos seguidores, aumentam ainda mais o caráter defeituoso dado ao Espiritismo.
Raciocinar sobre temas filosóficos é abrir uma imensa janela voltada para o
Horizonte Mental, de onde fluem novas idéias, ampliando o conhecimento adquirindo através de um penetrante espírito de curiosidade e de compreensão, obtendo-se assim respostas razoáveis ao entendimento e à lucidez do estudo em questão. Não basta ler ou estudar um contexto dito Espírita para se ter em mente que tudo está claro e transparente e aceitá-lo, somente porque os Espíritos o ditaram.  Necessário se faz analisar cada tema de per si, comparando-os e, finalmente chegar a um consenso para opinar. Essa opinião não deve sugerir crítica e sim, estabelecer o ponto máximo de uma temporária e individual conclusão. Temporária porque, a evolução do estudo deve continuar para que o emissor da opinião não estabeleça um ponto final em suas idéias sacramentando-as como derradeiras, o que vem acontecendo ao longo dos anos. Muitos acreditam que aquela fase dos mais velhos já está superada pela permanente evolução dos tempos, bem como pelas encarnações de outros seres ditosos prontos para ampliar fronteiras. Mas, não é bem assim. Temos visto jovens e mais velhos pregando uma Doutrina “Espírita” repleta de camuflagens estranhas, semelhante a histórias de ficção repletas de violência e tortura para os seus seguidores.  O que mais me impressiona, a exemplo de jovens católicos e protestantes, os nossos meninos e meninas espíritas também aderiram aos retiros espirituais. Com tanta coisa útil para fazer frente à sociedade em que vivemos: chuvas, desolações, enchentes, vendavais, prostituição infantil, drogas, etc. e tantas, afastar-se do convívio sócio-cultural e momentâneo é o mesmo que se isolar nos seminários, nos albergues, buscando no isolamento, a conquista do vestibular para santo.   
O objetivo deste trabalho é o de abrir aquela janela para que dela possamos olhar a Doutrina Espírita em um novo cenário. Uma Doutrina realista, capaz de transformar nossas comunidades através das ações.

“Quando me aceito como sou já estou me modificando”.

1- etc. (abreviatura da locução latina et coetera).  
2- Os pensamentos inseridos, no final de alguns capítulos do Pensamento Espírita, foram coletados em diversos pensamentos e no verso de senhas de espera em repartições públicas e outras entidades que as usam e, não trazem o nome de seus respectivos autores.
3- Os estudos foram debruçados sobre O Livro dos Espíritos de Allan Kardec – tradução de J. Herculano Pires – 37ª.Edição – Lake (Livraria Allan Kardec Editora) e outros livros espíritas e/ou ditos Espíritas.
4- Os textos em itálico são retirados das Obras consultadas.

                                                    DOUTRINA  ESPÍRITA
No primeiro momento era somente “Doutrina Espírita ou Espiritismo, que tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível”.
 Notemos que era somente isto: “relações do mundo material com os Espíritos, ou seja:  com as almas dos que já morreram”.
Levando-se em consideração que essas intercomunicações sempre existiram desde que o mundo é mundo e, por se tratar de Lei Natural, não temos notícias de que elas estivessem atreladas a uma ou a qualquer Religião. Não nos cabe falar aqui de seitas secretas com seus iniciados e ou escolhidos. Estamos falando somente de Doutrina Espírita.
Na França em 1857, onde surgiu o Espiritismo Codificado com o lançamento de O Livro dos Espíritos; para catalogar todas as perguntas e respostas do Livro, Hippolyte Leon Denizard Rivail, conhecido como professor Rivail e na sociedade literária “R-L-D-RIVAIL,- e, nos meios espíritas como Allan Kardec, adotou diversos procedimentos para a elaboração do compêndio como ele próprio declara. (Vide Biografia escrita por Henri Sausse).
Num delicado apanhado chegamos à conclusão de que as pesquisas do autor  foram coletadas com base nos seguintes fatos:
1ª. O professor Rivail recebeu em sua infância, orientação religiosa Católica, Apostólica, Romana.
2ª. Estudou o magnetismo por mais de trinta e cinco anos, sem constar, entretanto, o período de tais estudos.
3ª. Em 1854, aos 50 anos de idade, pela primeira vez”, ouviu falar nas mesas girantes; daí por diante entrou em contato com várias pessoas, assistiu a “alguns ensaios muito imperfeitos de escrita mediúnica em uma ardósia, contando-se com o auxílio de uma cesta”. (grifos nosso).
Nota: Ardósia - quadro para escrever.
4ª. Após assistir com “assiduidade a sessões semanais” iniciou seus estudos sérios nas observações que fazia. Num primeiro momento diz: “sujeitei essa nova ciência, como fazia a tudo, ao método de experimentação”, complementando, acrescenta:jamais formulei teorias preconcebidas; observava acuradamente, comparava, tirava consequências; procurava, pelos efeitos, atingir as causas através da dedução, pelo encadear lógico dos fatos, não aceitando como válida uma explicação, a não ser quando ela possa resolver as dificuldades da questão”. ( Declarações obtidas em Obras Póstumas – Alan Kardec).
5ª. Aceitou a colaboração de diferentes informações sobre a comunicabilidade dos Espíritos, uma delas contida em “cinqüenta cadernos com diferentes comunicações”, que os senhores Carlotti, René Taillandier, membros da Academia de Ciências; Tiedeman-Manthése, Sardou pai e filho, e Didier, editor, que durante cinco anos, vinham acompanhando o estudo de tais fenômenos e haviam compilado e não conseguiam ordenar. (grifos nosso)
6ª. Referindo-se ao Professor Rivail, diz o biógrafo: “ao invés de ser entusiasta dessas manifestações e ocupado por outras preocupações, quase as abandonou” não fosse os insistentes pedidos dos srs. Carotti, René Taillandier, membros da academia das Ciências, Tiedeman-Manthèse.
7ª. Foi orientado por seu “espírito protetor” que prometeu “auxiliá-lo na tarefa importantíssima a qual ele era solicitado e que com muita facilidade empreenderia”.
8ª. Até então, ele mesmo o diz: “as sessões realizadas na casa do sr. Baudim não tinham fim certo, propus-me, aí, encontrar a solução dos problemas que me despertavam  interesse sob o ponto de vista da filosofia, da psicologia e da natureza do mundo invisível”. (grifos nosso),
9ª. P professor Rivail declara que “sempre que a ocasião se oferecia eu a aproveitava para propor algumas das questões que se me assemelhavam das mais melindrosas”. “Desse modo foi que mais de dez médiuns emprestaram seu concurso a esse trabalho”. “E foi da comparação e da reunião de todas essas conclusões ordenadas, classificadas e muitas vezes refeitas no silêncio da meditação, que formei a primeira edição de” “O Livro dos Espíritos”, que veio à luz em 18 de abril de 1857. (grifos nosso). O Livro foi publicado com seu pseudônimo “Alan Kardec”.
Aliás, é o próprio autor da Obra quem nos revela: Das primeiras conclusões de minhas observações foi constatar que os espíritos, sendo apenas as almas dos homens, não possuíam, nem a soberana sabedoria, nem a soberana ciência; seu saber era adstrito ao grau de sua evolução; e que a opinião que emitissem tinha apenas o valor de uma opinião pessoal”. (Grifos nosso).
Esta última declaração do autor da obra bastaria para eu encerrar minha análise sobre O Livro dos Espíritos.
Somente isto - opinião pessoal  dos espíritos  não verdades absolutas.
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Analisando os meios que deram origem ao Livro dos Espíritos encontramos: o professor Rivail imbuído do catolicismo da época; espírito de pesquisador; aos cinqüenta anos de idade, em 1854 pela primeira vez, presenciou alguns ensaios muito imperfeitos da escrita mediúnica, sobre uma ardósia; considerou tal manifestação como uma “nova ciência” e passou a usar o “método de experimentação” oriundo das suas observações.
Ao aceitar das mãos dos amigos cinqüenta cadernos contendo comunicações mediúnicas compilados durante cinco longos anos, notem-se a falta de entusiasmo do Autor que estava a ponto de abandonar tudo não fosse à insistência dos mesmos amigos. A esse fato, certamente   considerou a extensão do trabalho que teria pela frente.
Vejamos a título de curiosidade: se cada caderno tivesse cinqüenta folhas cada um e, em cada folha quatro perguntas com as respectivas respostas, seriam aproximadamente cerca de dez mil perguntas com as suas respectivas respostas. O Livro dos Espíritos contém 1.029 perguntas tudo o mais deve ter sido considerado especulações ou desnecessárias.
Realmente, Mestre Lionês, era para desanimar e jogar tudo pelos ares!
Felizmente, para sua tranqüilidade, ele teve a ajuda de seu Espírito protetor, certamente através de inspiração ou mensagens de ânimo, coragem e boa vontade, vindas através da ação dos médiuns e amigos.
Em nenhum momento, nestas minhas pesquisas tomei conhecimento de que  o professor Rivail fosse médium e/ou recebesse orientação direta do seu mentor espiritual. Por outro lado, na compilação de dados para compor o Livro em questão, jamais deu conotação religiosa às suas observações e estudos, destacando sempre os aspectos da filosofia, da psicologia e da natureza do mundo invisível.
 Seus amigos, segundo Canuto Abreu em seu livro “O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária, Edições LFU – 1992, falam da doutrina Espírita como uma nova Religião. Incluímos aqui outra nota de uma biografia de Allan Kardec  extraída do Dicionário Universal de Maurício Lachatre, estampada no livro “O Céu e o Inferno”, traduzido da quarta edição - 1875 – Rio de Janeiro – B. L. Garnier onde se lê sobre Allan Kardec, entre outras coisas o que segue:  “Nascido na religião catholica, mas educado em um paiz protestante, os actos de intolerância com que teve de lutar nessas condições lhe fizeram, desde a idade de 15 anos, conceber a idéa de uma reforma religiosa, na qual trabalhou no silencio durante longos anos, com o pensamento de chegar à unificação das crenças; porém faltava-lhe o elemento indispensável à solução deste grande problema”.( Cópia dos originais, grifos nosso – com uma ressalva: Tradutor, anônimo).
No trecho transcrito temos uma mostra explícita do que seja um  atalho com o fim de induzir o leitor a pensar que o professor Rivail  desejasse fazer essa tal reforma religiosa, ou seja à imitação de Martinho Lutero: - fazer uma nova religião!
O abuso dessa biografia não é pelo fato do biógrafo ter extraído da sua mente o que declarou e, sim, dele creditar em  trinta e cinco anos na vida do  Mestre Lionês o desejo de fazer a reforma religiosa.
É amplamente sabido em outras biografias as dificuldades financeiras pelas quais o professor  passava inclusive estar às voltas com uma sociedade falida juntamente com um senhor, tio de sua esposa.
Deixemos de lado os assuntos de família e as aberrações.
Além das considerações já expostas, sobre como o Livro dos Espíritos veio à luz, havemos de nos lembrar que os médiuns que prestaram concurso no trabalho de Kardec tinham formação religiosa, mais precisamente a Católica e, sem sombra de dúvidas, além de deixarem transparecer, através do animismo, seus ideais religiosos, contaram com o concurso de Espíritos ou, melhor dizendo, os SANTOS CATÓLICOS de sua fé que imprimiram em suas respostas as suas idéias, haja à vista a participação de um razoável número e de nomes veneráveis mencionados em Prolegômenos , logo após à Introdução do Livro.
Para nós restaram muitas respostas sujeitas a interrogações em busca da  verdade.
O professor Rivail deve ter tido um imenso trabalho e, certamente, foi como selecionar agulhas num palheiro, ou melhor, juntar peças de um imenso quebra-cabeça entre o Céu e a Terra. Ele buscou encontrar os pontos positivos da Doutrina. Debruçado em anotações alheias, comparando-as às suas próprias observações. Com mais de dez médiuns passando informações pessoais de cada espírito comunicante, várias respostas alheatórias aparecem dentro de um mesmo tema e contrariam a delicada intenção daquele que é pelos espíritas, alcunhado de “bom senso encarnado”.
A comunicabilidade entre as almas dos mortos e os homens  sendo Lei Natural não está escrita em lugar algum, mas está e estava em todas as partes do nosso Planeta. O Mestre Lionês reuniu algumas informações que lhe chegaram ás mãos sobre essa Lei e, por trás dela muito ainda deverá ser descoberto.
A Lei Natural ajuda o ser encarnado a compreender melhor a sua permanência no Planeta Terra porque afinal estamos esquecidos do nosso passado buscando o elo perdido.

“São nas quedas que o rio gera energia”

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Pausa para análises


O “Pensamento Espírita” analisa a seguir alguns pontos sobre O Livro dos Espíritos, levando-se em conta que, na palavra do autor “os espíritos, sendo apenas as almas dos homens, não possuíam, nem a soberana sabedoria, nem a soberana ciência; seu saber era adstrito ao grau de sua evolução; e que a opinião que emitissem tinha apenas o valor de uma opinião pessoal”. (grifos nosso).
Concordamos plenamente, e quero crer que muitas questões são inúteis em todo o contexto da Obra, e não há também porque duvidar que diante de tantos tradutores, algumas questões podem ter sido inseridas para atender a particulares desejosos de continuar impondo uma religiosidade onde não cabe.
J. Herculano Pires, o tradutor da Obra consultada escreve sobre “A legitimidade do Livro” e diz que Kardec tinha um método de trabalho que resumimos assim:
a) – Escolha de colaboradores mediúnicos insuspeitos;
b) – Análise rigorosa das comunicações, do ponto de vista lógico;
c) – Controle dos espíritos comunicantes;
d)– Consenso universal, ou seja, concordância de várias comunicações. 
Note o leitor que a concordância de várias comunicações não significa que são todas as contidas no livro em questão.
Diz ainda o tradutor: “Armado desses princípios, escudado rigorosamente nesse critério, Kardec pode realizar a difícil tarefa de reunir a série de informações que lhe permitiram organizar este livro”.  
Este nosso trabalho vai destacar as controvérsias colocadas pelos Espíritos que procuraremos analisar, isentos de censuras e/ou maledicência, lembrando que “as respostas são opinião pessoal dos Espíritos”,  que em nada afetam a dignidade do autor, a sua boa vontade, tal e qual os profetas e os evangelistas na “Bíblia Sagrada”.
Acredita quem quiser!

“Tudo antes de ser fácil é difícil”

Livro Primeiro
As Causas Primárias
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CAPÍTULO I
DEUS

Deus e o Infinito
Sobre Deus, desde a nossa longínqua infância, ouvimos os adultos a nos ensinar que Deus é o Criador do Céu e da Terra, é Perfeito, soberanamente Bom e Justo e tantos outros atributos que nos conscientizamos que devíamos respeitá-lo e amá-lo sobre todas as coisas.
Crescemos e passamos a meditar sobre a personalidade Divina, se podemos assim nos dirigir a ELE.
Ao iniciar O Livro dos Espíritos as três primeiras perguntas são sobre Deus e a 1ª, diz: - O que é Deus?
O Espírito interrogado dá uma resposta que atende à pergunta “Quem é Deus”. Ele não esclarece “O que é Deus”
As respostas dos Espíritos somente a eles competem a responsabilidade e, a nós outros, analisá-las, aceitá-las ou não, e pelo fato de não aceitá-las não estamos afirmando que Kardec errou ou, indo contra aos seus dispositivos impressos. Considerando que na 1ª pergunta o Espírito comunicante nada ofereceu de novo, então o autor da Obra, faz sua própria análise entendendo que:  Deus é infinito nas suas perfeições, mas o infinito é uma abstração”, dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo de uma coisa por ela mesma, definir uma coisa, ainda não conhecida,  por outra que também não o é”.
Com perspicácia o autor investiga para entender o que é Infinito.
Novamente a entidade espiritual vacila, e compara o infinito com o desconhecido. Coisa elementar. Mas o autor insiste desejoso de saber se  poderia comparar Deus ao Infinito.
Não tendo nada mais substancial para responder e não sabendo se Deus é ou não o Infinito, a entidade afirma “Definição incompleta”; impingindo a nós, seres humanos, “pobreza de linguagem, insuficiência para definir as coisas que estão além da sua inteligência”; ou seja, da nossa inteligência.
É egra geral aos professores das primeiras classes de alfabetização  dissertar suas explicações aos pequeninos sabendo que muitos vão entendê-la e outros não, tendo de trabalhá-los tempos depois.
Ora, se o Espírito  tivesse  uma definição razoável mais completa porque não falou ao professor Rivail? Mesmo que ele não entendesse no primeiro momento, certamente iria se aprofundar no estudo para alcançar a complexidade da questão!  
Ao Espírito não cabia analisar o QI das pessoas ou médiuns, muito menos de seu interlocutor, no caso, Allan Kardec, falando em pobreza de linguagem para definir as coisas que estão além da inteligência dos encarnados!
Provas da Existência de Deus
Quanto às Provas da Existência de Deus, essa força geradora do Universo, estando em tudo aquilo que o homem conhece e vê e não está capacitado para recriar e, infelizmente, está sempre pronto para destruir, alegando necessidades humanas, o Mestre Lionês deve ter se exaurido de fazer perguntas aos Espíritos e obter respostas evasivas. Nada ou quase nada foi além de um debate filosófico entre Causa, Efeito e Acaso.
Finalizando o estudo de Provas da Existência de Deus,  Kardec quer saber:
P. 9 – “Onde se pode ver na causa primária, uma inteligência suprema, superior a todas as outras”?
R. Tendes um provérbio que diz: Pela obra se conhece o autor. Pois bem: vede a obra e procurai o autor!”
A resposta estaria de bom tamanho, todos entendem perfeitamente isso, mas o Espírito comunicante dilatou o seu enunciado para dar lição de moral, afirmando aos Espíritos Humanizados:
“É o orgulho que gera a incredulidade. O homem orgulhoso, nada admite acima de si, e é por isso que se considera espírito forte”.
 Finalizando, sentencia:
“Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater”.
Pareceu-me visualizar o Mestre Lionês cabisbaixo e humildemente ouvindo a resposta do Espírito. O surpreendente é que O Codificador fez somente uma pergunta simples ao entendimento de qualquer mortal, cuja resposta já era de seu conhecimento e, o Espírito ou os seus colegas que não souberam dizer “O que é Deus”, que nada disse ficando entre  uma causa e um efeito evasivos, que ofende os encarnados, que dá aula de moral, que levanta a bandeira da incredulidade e do orgulho para rebaixar a capacidade de entendimento do Pesquisador, de repente  e finalmente encontrou um DEUS QUE PODE ABATER OS HOMENS COM UM SOPRO. 
Passou-me pela lembrança a capa de um livro de história infantil de que uma nuvenzinha encheu as bochechas para soprar. (Desculpe-me pela ironia),
Na opinião do Espírito, Deus sopra?!
Analisemos sua resposta! Se Deus sopra, ele respira logo, ele é alguma coisa bem palpável. Dizer que o Espírito usou de força de expressão é inconcebível e creio  que  Allan Kardec não estava elaborando um livro de curiosidade ou um livro infantil e o Espírito sabia muito bem disso, para pilheriar. Num assunto tão sério, o começo de uma série de valores recheados da Lei Natural, o inicio de uma doutrina que haveria de modificar o pensamento dos homens e provar a reencarnação, de amenizar sofrimentos sem explicações, o Espírito não tinha o direito de fazer brincadeirinhas com o estudo em pauta.
Infelizmente este é um triste atalho repleto de tropeços e desilusões para aquele que quer aprender e entender a Doutrina Espírita. Não se pode ficar preso à antiguíssima suposição de que os Espíritos são coisas Santa e ligá-los a conceitos religiosos é errar mais ainda.
A postura daquele que conversa com os espíritos e vice-versa, é a mesma de um entrevistador tendo diante de si alguém à sua imagem e semelhança, portanto, sujeito a errar, a indecisões, controvérsias e tantos outros artifícios que ficam longe da realidade. Nos casos citados os Espíritos querem convencer o seu interlocutor a supor que determinados assuntos estão encoberto pela vontade de Deus.
Nada se trata da vontade de Deus, o certo é que, tudo está relacionado a cada um dos encarnados, e a cada um dos desencarnados. Trata-se de uma postura digna, sem embargos de palavras, independente, caso contrário Deus receberá culpa indevida pelos enganos, e isso é comum de se ouvir diante de um funeral de ente querido, como por exemplo: -“foi a vontade de Deus”.
Ora, além de soprar, Deus está matando também?!
Em pleno século XXI, apesar de termos ouvido a leitura de O Livro dos Espíritos desde os meus longínquos sete anos de idade, seria lentidão evolutiva de minha parte continuar imaginando Deus enchendo as bochechas  soprando sobre os homens, matando pessoas porque lhe deu vontade, e mais, impondo seus desígnios, determinando punições, castigos, postura essa usada pelos povos bárbaros, e mais recentemente pelos crimes cometidos na Inquisição e nas Grandes Ditaduras Mundiais. Espíritas! Chega a de loucura e de fanatismo!
Em nenhum momento  nos cabe duvidamos do poder da natureza ela está ai com sua beleza inigualável e indescritível, sua grandiosidade, e por força e culpa dos homens, não somente deles, mas também dos que já morreram ou desencarnaram, porque antes de nós eles por aqui passaram, essa Natureza, está sendo violentada, maltratada, devastada sujeita a uma destruição crescente de já há muitos séculos.
Não duvidemos da grandiosidade Divina, mas, antes de afirmar que Deus assim o quis, avalie as causas que lhe proporcionaram os seus efeitos.
O Mestre Lionês que, fazia as perguntas  sobre o assunto em pauta nos oferece esta belíssima opinião:
“Julga-se o poder de uma inteligência pelas suas obras. Como nenhum ser humano pode criar o que a Natureza produz, a causa primária há de estar numa inteligência superior à Humanidade. Sejam quais forem os prodígios realizados pela inteligência humana, esta inteligência tem também uma causa primária. È a inteligência superior a causa primária de todas as coisas, qualquer que seja o nome pelo qual o homem a designe”.
Parabéns! Uma resposta simples e somente ela preencheria o tomo II, mas, certamente o autor querendo dar satisfação aos amigos, inseriu no Livro respostas para as quais ele já sabia as respostas.
Creia-me professor Rivail, valeu a intenção.

“Cada criança, ao nascer, traz-nos a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança nos homens.” Tagore